segunda-feira, 31 de maio de 2010

Entre o futuro e o passado escolho o presente…

Estranho este sentimento que tenho em mim, numa mão guardo uma rosa e na outra guardo sentimentos de uma vida passada…
Dou por mim a pensar como seria ou como terá sido a vida que levei, quem chorou por mim, quem me abraçou quando mais precisei ou apenas que me passou a mão pela face e sorriu fazendo com o céu se limpasse e os pássaros cantassem em pleno inverno…
Enquanto os pés balançam na falésia e sentem o abismo a meus pés penso no que fazer ou no que deveria ter feito. Tantas promessas feitas, tantos sonhos vividos para tudo terminar quando a hora chegou. Tentei em vão negar, mas sabia que mais uma vez teria de partir…
Nasci com um destino traçado, com uma marca incapaz de apagar. Assim nasci mas não sei se assim morrerei, se algum dia encontrarei um descanso merecido…
Uns chamam-lhe barqueiro, outros chamam-lhe o guardião das almas, há também quem lhe chame destino, quanto a mim apenas sei que sou um porto de abrigo que alberga um barco perdido ou cansado de lutar, um farol no deserto de Alexandria ou apenas uma luz que brilha em plena ilha azul a caminho do Novo \ Velho mundo…
Tenho a função de ajudar na travessia deste mundo para o outro, duma vida sofrida para um campo de flores, cheio de paz e alegria, capturo almas perdidas, almas que como eu não sabem o que faço neste mar azul, neste turbilhão que tanto nos faz amar como enlouquecer…
Há quem me chamasse de adamastor, de belzebu, de triângulo das bermudas, de um gigante no fundo dos mares que aguarda a tua passagem para nos meus braços te prender e te jogar no fundo do mar para que sintas a mesma solidão do que eu…
Há apenas quem me chame de “anjinho”, alguém que dizem ser merecedor de um amor tão grande que faria corar Deus, dizem que sou uma voz calmante, uma esperança de um futuro melhor, alguém com o dom de dar a mão a quem precisa ou simplesmente quem ajuda a levantar de uma queda que não parece ter fim…
Há também quem tenha inveja de mim, quem desconhece quem sou e me julga por outros semelhantes a mim, outros que juraram ser anjos mas que não passaram de meros mortais em busca de adrenalina que lhes desse uma sensação errada de viver…. A esses apenas digo que tomem o meu lugar, que venham e vivam tudo o que vivi e vivo ainda, que tomem o lugar de quem ama e faz juras eternas mas que não cumpre por ter um destino traçado desde os primórdios da vida, que vivam uma vida incompleta e inacabada, que vivam uma vida onde apenas podem coleccionar retratos de uma vida a serio…
Apenas pedi a Deus que me deixasse viver como os mortais, que me deixasse ver por quem tanto lutam e por quem tanto morrem, por quem tantas histórias de amor e lealdade são escritas e derramadas nas costas de um mar tão velho e cansado como eu…mas Deus disse-me que faria melhor, que me deixaria viver todas as vidas inacabadas, que me faria lutar em todas as guerras, que me faria ver todas as historias de amor….No meio disto tudo esqueceu-se de me deixar viver a minha própria vida, que me deixasse sentir apenas sentimentos meus…
Mas desta vez tudo é diferente, desta vez não tenho vontade de partir nem de tomar mais uma vez o lugar há muito destinado a um anjo que não usa aréola nem mostra as asas para todas as pessoas desfrutarem e admirarem num servo de Deus…
Desta vez sinto e quero dizer que não tornarei a partir, que a única viagem que farei será apenas de ida, para o meu descanso eterno…
Fizeste-me sonhar, ter esperanças de que tudo seria diferente, que a meu lado terias paz e uma vida merecida, fizeste-me crer nas tuas palavras e nos teus carinhos mas…
Mas agora não pareces segura do que construíste e constróis a cada dia que passa, pareces querer desaparecer no nevoeiro e apenas deixares o teu perfume no ar para que eu não morra nem de pela tua falta…porque agora? Porque agora ao fim de uma vida vivida, porque agora que realmente enfrento um destino e um mundo inteiro para poder ficar a teu lado? Que se passa? Que se passou? Onde errei? Que fiz ou não fiz eu?
Pareces dividida entre o céu e o inferno, entre a espada e a parede…Não, Pará digo eu! Basta de sofrimento e tristeza, já vi o quanto baste e sei como acaba…
Mas desta vez será diferente comigo, sei o que quero e para onde quero ir, o que quero viver e sofrer, o quanto quero dar a vida se assim tiver que ser pela pessoa que tiver a meu lado…
Esta rosa que trago na mão é para te entregar e dizer para não teres medo que a meu lado estas em paz e segurança ou então para me despedir de ti e atira-la ao mar como sinal de despedida….
Pedi-te que partisses comigo ao nascer do sol, que partisse-mos enquanto o mundo dorme, que fizesse-mos do nascer do sol o nascer da nossa história de amor sem fim…
O sol parece espreitar pelo negrume da noite, parece demorar para que apareças a correr para os meus braços….
Dentro em breve saberei por quem o teu coração chama, por chora e ri, quero pegar em ti e montar no cavalo esperança e partir rumo a terra da felicidade, mas mesmo que não estejas partirei sozinho…
Quero acreditar que estas a caminho, quero acreditar….
24/Nov/2009 8:57 

1 comentário:

Anónimo disse...

Será que o presente que tanto ambicionas já não pode estar à tua beira?